Foi aprovado na última semana o Projeto MagBras, um marco para a industrialização das terras raras no Brasil. A iniciativa estabelece uma cadeia produtiva completa de ímãs permanentes de Neodímio, Ferro e Boro (NdFeB), abrangendo desde a extração e beneficiamento mineral até a fabricação e reciclagem, com aplicações estratégicas nos setores automotivo, de energia renovável e eletrônico.
O projeto foi aprovado na chamada de Projetos Estruturantes do Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), lançada no ano passado com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa de Minas Gerais (Fundep).
Por meio do programa, o Projeto MagBras receberá R$ 73,3 milhões, consolidando-se como a principal iniciativa para a estruturação da cadeia nacional de ímãs permanentes de terras raras, reduzindo a dependência do Brasil da importação desses materiais estratégicos.
Um dos pilares dessa aprovação foi a infraestrutura do Instituto de Terras Raras (CIT SENAI ITR), localizado em Lagoa Santa (MG), que recebeu investimentos da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) para se tornar a maior planta de pesquisa aplicada na produção de ímãs permanentes na América do Sul.
Com equipamentos de ponta e capacidade laboratorial avançada, o CIT SENAI ITR será fundamental para o desenvolvimento e escalonamento das tecnologias necessárias para a viabilização industrial do projeto. “A aprovação do projeto garantirá recursos para acelerar o comissionamento e o desenvolvimento dos ímãs de terras raras e das rotas de fabricação em Lagoa Santa”, afirma o coordenador do CIT SENAI ITR, André Pimenta.
Já o gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) do CIT/SENAI, José Luciano de Assis Pereira, destacou que o projeto pode ser o pontapé inicial para a produção de ímas de terras raras no Brasil e futuramente talvez até de uma política industrial para o setor. “O projeto MagBras vai permitir que possamos fazer todo o ciclo de produção de ímãs permanentes de terras raras no Brasil, desde o processo de concentração e separação de terras raras até a produção final do ímã permanente, que é o produto de maior valor agregado. E qual é a importância disso? É que hoje esse é um mercado monopolizado pelos chineses e, a partir desse projeto, poderemos mostrar ao país, ao governo e às indústrias que o Brasil é capaz de produzir e de se posicionar, inclusive como um player global do setor no futuro”, destacou
Terras raras são um grupo de 17 metais essenciais à fabricação de células de baterias, painéis solares, motores de alta eficiência, elevadores, sensores e turbinas eólicas e o Brasil tem terceira maior reserva mundial deste grupo, podendo consolidar sua autonomia na produção desses materiais estratégicos, reduzindo a dependência de importação e fortalecendo setores essenciais para a transição energética e inovação tecnológica.
Projeto MagBras
O Projeto MagBras (Demonstrator Industrial do Ciclo Completo de Produção Brasileira de Ímãs Permanentes de Terras Raras) é sustentado por uma sólida aliança industrial, composta por empresas que atuam em diferentes elos da cadeia produtiva, desde a mineração até a aplicação final dos ímãs, garantindo uma abordagem integrada para viabilizar a produção nacional. Essa aliança foi formada no contexto da pandemia de Covid-19, quando a indústria nacional se uniu no âmbito do programa Made In Brazil Integrado em um esforço de montagem de respiradores com fabricação 100% brasileira.
Entre a indústrias que compõem a Aliança MagBras estão:
- Empresas âncoras do projeto, que impulsionam a demanda e aplicação dos ímãs:
WEG, Stellantis, Schulz, Iveco, Vale e Mosaic. - Empresas mineradoras, responsáveis pela extração e processamento de terras raras, garantindo o fornecimento de neodímio (Nd), praseodímio (Pr), disprósio (Dy) e térbio (Tb):
Aclara, Appia, BBX, Bemisa, Borborema, Meteoric, St. George, Resouro, Taboca, Tiros e Viridion. - Empresas da cadeia automotiva, que darão suporte à definição das propriedades dos ímãs, determinando parâmetros como força magnética, resistência térmica e eficiência energética:
Arcelor Mittal, Eion, Greylogix, Nanum, Strokmatic, Tupy, Steinert e Walbert Ferramentaria. - Startups tecnológicas, que agregam inovação e eficiência aos processos produtivos:
Integra Laser (inovação), Moderna 3D (flexibilidade) e Lean 4.0 (eficiência operacional).
Thaís Mota
Imprensa FIEMG