O recente aumento da tarifa de energia da Cemig, anunciado no fim de maio pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), tem preocupado as indústrias do setor alimentício em Minas Gerais. O temor desses segmentos é que o reajuste impacte diretamente o preço final de determinados produtos. Conforme a Aneel, a revisão tarifária é de 6,72% em média para consumidores de baixa tensão e de 8,63% de alta tensão, faixas que correspondem ao setor produtivo. Já para os consumidores residenciais o reajuste foi 6,70%. A Cemig informou que os clientes terão o aumento na fatura de junho, com vencimento no mês seguinte.
Segundo projeções de sindicatos filiados à FIEMG, o impacto do reajuste tarifário para o setor produtivo deve gerar reflexos diretos ao consumidor, com o aumento dos preços de alimentos do dia a dia como, por exemplo, carne, leite e pão francês. E até mesmo as cervejas artesanais podem sofrer impactos com o aumento dos custos de energia.
No caso do pão, a alta da conta de luz se soma à escalada de preços da farinha trigo, matéria-prima essencial do pãozinho francês, o que acaba elevando o custo de produção, conforme o presidente da do Sindicato e Associação Mineira da Indústria de Panificação (Amipão) e da Câmara da Indústria de Alimentos e Bebidas da FIEMG, Winícius Segantine “A panificação também vai ter as suas dificuldades. É preciso repassar os custos para o consumidor porque não tem outra maneira de continuarmos no mercado se isso não for feito. Eu não tenho a menor dúvida que, para o brasileiro, os custos estão ficando inviáveis”, avalia Segantine.
Em relação aos produtos lácteos, o empresário e presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado de Minas Gerais (Silemg), Guilherme Abrantes, aponta que insumo encarecido afeta diretamente toda a cadeia leiteira e o consumidor. “Tanto o produtor de leite, que tem o custo de manter propriedade dele e resfriamento do produto, quanto a indústria sentem que, com a elevação dos custos, terão que se reposicionar e, no final de tudo, essa conta vai para o consumidor”, observa Abrantes.
Presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Carnes, Derivados e do Frio no Estado de Minas Gerais (Sinduscarne), Dylton Lyzardo, também acredita o que reajuste da conta de energia pode influenciar no preço da carne, especialmente nos açougues. Esses estabelecimentos, segundo ele, têm consumo elevado de energia com geladeiras, câmaras frias e outros equipamentos utilizados no manejo e condicionamento do produto.
Para quem consome cerveja, especialmente as artesanais, o custo da energia pode deixar a bebida com sabor mais amargo que o de costume. Quem alerta é o vice-presidente do Sindicato da Indústria de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais (SindBebidas MG) e CEO da Prussia Bier, Fernando Cota.
Segundo ele, o setor já vem enfrentando dificuldades econômicas desde a pandemia de covid-19, que pressionou o custo de produção, aumentando o preço do oxigênio e do CO2 utilizados na produção, e de embalagens, por exemplo. Apesar dessas adversidades, o segmento conseguiu, a duras penas, segurar o valor do produto na ponta final. No entanto, com a energia mais cara, as cervejarias artesanais podem não suportar mais esse aumento de custo e acabar transferindo-o para o consumidor.
Rafael Passos
Imprensa FIEMG