A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) sediou, nesta quinta-feira (10), mais uma edição do seminário Diálogos da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), com o tema Minerais Críticos para Transição Energética. O encontro contou com a presença de representantes da FIEMG e sindicatos, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), de empresas estratégicas e instituições financeiras, e teve como foco a construção de uma agenda nacional para o aproveitamento das oportunidades associadas à crescente demanda global por minerais essenciais à descarbonização da economia. A Mobilização Empresarial pela Inovação é um movimento empresarial coordenado pela CNI e busca promover a competitividade do setor produtivo brasileiro.
Durante a abertura do evento, o presidente da FIEMG, Flávio Roscoe, destacou a importância de posicionar o Brasil como protagonista nas cadeias produtivas associadas à transição energética e aos minerais críticos. “Estamos em um momento estratégico para consolidar o papel da indústria brasileira no fornecimento de soluções e materiais críticos para o futuro da energia. A construção dessa agenda exige planejamento, articulação e investimento em tecnologia e agregação de valor”, afirmou. Ele também ressaltou a importância da inovação para a melhora do ambiente de negócios no país. ‘’Todos os envolvidos na cadeia produtiva devem se emprenhar na busca por soluções inovadoras para a indústria’’, lembrou o dirigente.
Em seguida, Carlos Bork, superintendente de Projetos de Inovação na CNI, reforçou a necessidade de transformar o potencial geológico do Brasil em vantagem competitiva para a indústria. De acordo com ele, a transição energética passa por uma nova geopolítica dos minerais. ‘’O Brasil precisa transformar seu potencial geológico em uma estratégia nacional, capaz de gerar inovação, desenvolvimento industrial e protagonismo internacional nas cadeias de valor da nova economia’’, destacou.
André Clark, coordenador da MEI, vice-presidente sênior da Siemens Energy para América Latina e vice-presidente da Siemens Energy Brasil, defendeu a criação de uma política de Estado voltada para os minerais da transição. “Os minerais críticos são a base material da descarbonização. É preciso encarar essa agenda como política de Estado, com planejamento de longo prazo, incentivos à indústria e articulação com o setor produtivo para que o país não perca a janela de oportunidade que está se abrindo.” Ele ainda lembrou dos avanços e conquistas com o programa MEI. ‘’Conseguimos definir pautas prioritárias e trabalhá-las junto ao poder público, agentes de fomento e parceiros da CNI’’, disse.
O primeiro painel do evento, Minerais críticos para a transição energética, discutiu a importância de elementos como cobre, lítio, níquel, cobalto e terras raras para tecnologias como baterias, turbinas eólicas e veículos elétricos. Participaram do debate Kilma Cunha, diretora de operações da Vale; Marcelo de Carvalho, diretor executivo da Meteoric; e Pedro Paulo Dias, gerente do Departamento de Indústria de Base e Extrativa do BNDES. A mediação foi de Luís Márcio Viana, presidente do Sindicato da Indústria Mineral do Estado de Minas Gerais (SINDIEXTRA).
No segundo painel, Oportunidades na cadeia de valor de minerais críticos, os convidados discutiram a importância de agregar valor à produção mineral nacional, investindo em processamento, pesquisa e industrialização. Ana Paula Hauffe Torquato, gestora de Relações Institucionais da Weg; João Irineu Medeiros, vice-presidente de Assuntos Regulatórios da Stellantis da América do Sul; Marcelo Rodrigues, vice-presidente de Novos Negócios da UCB Power; Newton Hamatsu, superintendente da área de Transição Energética e Infraestrutura da Finep; e Rogério Contato, consultor da CBMM, participaram da discussão, mediada por José Luciano de Assis Pereira, gerente de PD&I do CIT SENAI.
Durante o evento, os participantes reforçaram que a transição para um sistema de energia limpa demandará volumes cada vez maiores de minerais estratégicos. Entre 2017 e 2024, a demanda por lítio triplicou, enquanto o uso de cobalto e níquel cresceu 70% e 40%, respectivamente. Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), a necessidade global por esses minerais poderá crescer mais de 400% até 2050.
A agenda do encontro foi encerrada com visita técnica ao CIT SENAI Instituto de Terras Raras (ITR), em Lagoa Santa, na região metropolitana de Belo Horizonte. O projeto, inédito no hemisfério Sul, prevê a produção de ímãs de alto desempenho em escala piloto, a partir do domínio do processo de separação e concentração de elementos de terras raras. O objetivo é posicionar Minas Gerais como polo estratégico da cadeia industrial de ímãs permanentes, essenciais para motores elétricos, turbinas e equipamentos de alta tecnologia.
A iniciativa, coordenada pela FIEMG, reúne parcerias com mineradoras e indústrias dos setores automotivo e de nanotecnologia, e busca atrair investimentos para consolidar a cadeia de valor dos materiais magnéticos no Brasil. O projeto também pretende estimular políticas públicas voltadas ao desenvolvimento de tecnologias, infraestrutura e financiamento para o setor mineral, com foco na transição energética e na soberania industrial do país.
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Caio Tárcia
Imprensa FIEMG