A redução da participação das fontes de energia elétrica renovável na matriz elétrica brasileira tem impacto na emissão de gases de efeito estufa (GEE) do país. Isso porque, ao longo dos últimos 30 anos, houve uma redução da participação das hidrelétricas na matriz elétrica brasileira e uma substituição por usinas termelétricas não renováveis.
Segundo estudo elaborado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), entre 1995 e 2022, o Brasil viu sua matriz elétrica limpa cair de 97,6% para 89%, com queda considerável da participação das hidrelétricas entre as fontes de energia, que passaram de 96% para 64% no mesmo período. Em contrapartida, houve um crescimento da utilização de energia gerada por termelétricas a carvão e gás natural.
Em comparação com as hidrelétricas, uma termelétrica a carvão mineral, por exemplo, emite 34 vezes mais carbono na atmosfera, e uma termelétrica a gás natural tem emissões 20 vezes maiores. “Juntas, as termelétricas não renováveis são responsáveis por 13% da energia elétrica gerada e 68% das emissões de GEE no ciclo de vida, entre 1970 e 2022. Já as fontes de energia elétrica renovável respondem 87% da energia gerada e 32% das emissões de GEE, entre 1970 e 2022”, destaca o gerente de Meio Ambiente da FIEMG, Thiago Cavalcanti.
Em complementação, o presidente da FIEMG, Flávio Roscoe, destaca que, mesmo com uma participação pequena na geração de energia elétrica, as emissões de carbono das termelétricas equivalem a mais de 40% das emissões de todo o setor produtivo brasileiro. “Considerando as emissões de GEE do setor industrial em 2022 e as informações de geração de energia elétrica deste mesmo ano, o ciclo de vida das emissões das termelétricas não renováveis geraram o equivalente a 42% do total de toda emissão de gases de efeito estufa da indústria brasileira”, disse.
Em uma análise realizada pelo estudo da FIEMG, considerando-se dados de 2022 de geração de energia elétrica e emissão de GEE, se fossem substituídas todas as fontes de energia termelétrica não renováveis por fontes renováveis (solar, hidrelétrica, eólica e biomassa), haveria uma redução de 53% das emissões da matriz elétrica, idêntica às NDC’s (Contribuição Nacionalmente Determinada) acordadas para o ano de 2030.
Além disso, o estudo aponta ainda que, em um cenário hipotético em que toda a energia termelétrica não renovável fosse substituída por energia renovável no período entre 1970 e 2022, ou seja, em 52 anos, o país teria uma queda na geração de gases de efeito estufa de 1.6 bilhão de toneladas de CO2eq para 593 milhões de toneladas, o que corresponderia a uma redução de 63% das emissões no período.
Conheça a campanha da FIEMG A Conta Sai Cara estudo na íntegra, clicando aqui.
Missão Carbono Zero
No âmbito da indústria mineira, a FIEMG criou o Programa Missão Carbono Zero para apoiar as indústrias nas estratégias de descarbonização e elaborar inventários de gases de efeito estufa das indústrias. Até o final de 2023, 70 empresas já haviam aderido, de modo a realizar seu inventário de gases do efeito estufa e desenvolver estratégias e ações voltadas ao enfrentamento das questões que envolvem a temática.
Além disso, no final do ano passado, a FIEMG firmou o Termo de Cooperação com a ArcelorMittal para criar o Centro de Descarbonização Industrial, que receberá investimentos da ordem de R$34 milhões e terá equipamentos que permitem a realização de testes e condução inicial de projetos de descarbonização, auxiliando as empresas mineiras na diminuição das emissões de gases de efeito estufa.
Conheça todas as soluções e consultorias da FIEMG que visam auxiliar as empresas a contabilizar a emissão de carbono e fomentar a competitividade com responsabilidade ambiental, clicando aqui.
Leia também:
– Investimento em hidrelétricas pode mitigar impactos da mudança do clima
– Energia elétrica não renovável impacta custo produtivo no Brasil
– FIEMG lança campanha contra energia elétrica suja para combater as mudanças climáticas no Imersão Indústria
Thaís Mota
Imprensa FIEMG